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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pra sempre



E assim passaram-se alguns dias. e numa terça-feira à noite tudo parece perder-se numa imensidão sem limites.

Tudo que eu sempre pensei em ser era alguém. nada de famosidade, de aclamação pública, muito menos quis ser o presidente. sempre sonhei em ter a minha casa, os meus amigos, o meu dinheiro, a minha liberdade. sempre sonhei em viajar, conhecer novos lugares, novas culturas. sempre quis ir à roma, conhecer a muralha da china e ver uma luta pela vida na palestina. sempre quis ver meus amigos felizes, bebendo e rindo do que fosse. sempre sonhei em ver a minha família passeando pela casa nova, com um jardim enorme, quiçá secreto - nem que fosse o nosso jardim secreto. sempre pensei na felicidade e, por óbvio, na vergonha alheia. sempre quis uma justiça no mundo, fosse ela em qualquer instância; desde a justiça feita contra a violência, até a justiça de todos os seres humanos poderem comer e viver com paz e alegria. sempre quis ser mais corajoso, mais forte e criativo. sempre quis um ombro pra chorar, uma mão pra me fazer cafuné e uma cabeça pra acariciar sem pensar no tempo. sempre quis uma manhã eterna: pra dormir eternamente. sempre quis uma tarde eterna: pra poder passar mais tempo rindo debaixo do sol. sempre quis uma noite eterna: pra ter uma overdose de amor. sempre sonhei em crescer e trabalhar, sempre quis ser o dono de mim mesmo. sempre pensei em roubar um banco pra dar o dinheiro pra quem precisa. sempre chorei pelo mendigo que me pediu dinheiro pra beber - quem não tem o direito de beber pra esquecer os problemas e os dele são bem maiores que os meus. sempre precisei de mais do que eu sempre tive em excesso. sempre pensei na possibilidade de me contentar com menos. sempre imaginei em como seria morrer e poder ver meu enterro. sempre sonhei em dançar até não sentir mais a terra sob meus pés.
Sempre quis ter asas pra chegar mais perto do céu. sempre quis ver o sorriso de uma criança, assim como o de qualquer outra pessoa. sempre corei ao ver uma notícia sobre a morte injusta de alguém. sempre chorei no cinema vendo a comédia romântica. sempre passei por situações embaraçosas com meus amigos. mas jamais pensei em viver sem eles ao meu lado. sempre quis uma tv 1000 polegadas pra ver o menor detalhe possível da imagem. sempre quis uma máquina digital com uma memória igual à da minha alma. sempre quis ouvir uma música e sentir a mesma sensação do primeiro play. sempre quis conhecer todas as pessoas importantes do mundo e perguntá-las quais eram suas espectativas de vida. sempre quis conhecer o diabo e saber o por quê de tanta raiva em seu coração. sempre quis conhecer deus pra entender o por quê da minha existência. sempre pensei em falar todas as línguas do mundo e ter a capacidade de ser o mediador entre os povos em busca de um mundo único e melhor. sempre quis a saúde mental de um louco, só ele percebe o seu próprio mundo como o real. sempre imaginei como seria ter a vida de um peixe e ter a possibilidade de conhecer os quatro cantos do mundo; porém sempre pensei ser isso horrível. sempre quis dormir de olhos fechados. sempre quis sonhar com o abraço de minha mãe, o carinho de meu amigo e o beijo de meu amor, acordar, sorrir, voltar a dormir e continuar no mesmo sonho. sempre imaginei viver sem as pessoas importantes à minha vida. sempre chorei após pensar nisso.

Sempre quis que a água fosse eterna para que o banho fosse o local onde todos os problemas esvaissem-se pelo ralo. sempre quis um colchão de mola que fizesse barulho, pra poder rir do perigo. sempre quis comer um bolo de chocolate, me lambuzar e nunca ficar com o estômago cheio. sempre quis uma noite interminável de risadas e bebidas com os meus amigos. sempre pensei em ler todos os livros do mundo e poder ter assunto com qualquer pessoa que fosse. sempre quis dirigir incessantemente para chegar a um lugar lindo. isso sempre tornou o caminho mais rápido, mais bonito, mais animado e, por consequência o local mais incrível, mais aconchegante e mais admirável. sempre quis que o mar fosse rasinho, pra andar até o meio e me sentir um ponto mínimo no mundo. sempre quis que o momento da volta nunca chegasse. sempre quis voltar e chegar em casa logo. sempre pensei na alegria de ir embora. sempre pensei na tristeza de deixar todos. sempre quis ter meus próprios pensamentos. sempre quis ser original. sempre quis ser eu mesmo com o intuito de só existir. Hoje existo e luto para ser e fazer a FELCIDADE acontecer.

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